O texto escolhido, “El Quijote”, é perfeito para marcar o lançamento da RED. A adaptação do livro "Dom Quixote", escrito pelo imortal espanhol Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), clássico da literatura mundial, feita pelo “maestro” colombiano Santiago Garcia, recupera o humor popular e atualiza o significado da palavra utopia em nossa contemporaneidade. O Quixote para o teatro é um desafio. Tem-se notícia certa de que a primeira apresentação teatral do personagem aconteceu em Lima em 1607 em praça pública, poucos anos depois da publicação da novela de Cervantes. Este é um mérito que corresponde à América Latina como pioneira de múltiplas adaptações, mais de 100, para montar ou fazer versões teatrais das aventuras do famoso Hidalgo da Triste Figura.
Hoje, este desafio assumimos com toda responsabilidade e ousadia que exige acometer semelhante aventura. É um tamanho despropósito, tal como o do mesmo Cavaleiro, que em seu desvario decide consertar o mundo. Nos juntamos neste propósito da montagem, porque, quase sem saber, sabemos que também hoje nos é exigido buscar com o teatro uma imagem gozosa do impossível e do utópico que tanto necessita nosso público, em uma situação mundial de desesperança e caos. A visão alucinada de um mundo melhor ou de uma luz que permita borrar as trevas, se torna determinante e toda sociedade em condições similares a busca e às vezes a encontra precisamente na Arte, na literatura, na poesia ou no teatro. No texto dramatúrgico, em um dos diálogos entre o lendário guerreiro e seu fiel acompanhante Sancho Pança, encontramos um resumo desta lúcida visão de utopia: “Quando entenderás Sancho que a sabedoria não se encontra em nossos atos e sim em nossa imaginação?”, disse El Quijote a seu fiel escudeiro e Sancho responde: “Se agora te escutassem todos os que te chamam de louco, talvez este mundo seria um lugar melhor“.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
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