É hoje, 2 de outubro, às 20h de Brasil,
o primeiro voo oficial de El Quijote no Sesc Pompeia.
amanhã, o espetáculo será apresentado em Cidade Tiradentes.
*
Espetáculo multicultural lança a Red Latinoamericana de Teatro en Comunidad no Brasil
Neomisia Silvestre
Onze Quixotes e onze Sanchos representam hélices de um moinho de vento. As duas fileiras formadas por atores latino-americanos giram lentamente enquanto Dom Quixote de La Mancha dá conselhos ao seu fiel escudeiro Sancho Pança em uma das 12 cenas do espetáculo “El Quijote”, montagem de 16 grupos da América Latina no palco do Teatro Ventre de Lona, em Cidade Tiradentes, zona Leste.
“O desafio é respeitar a cultura de cada país sem que a obra perca a unidade”, diz o diretor César Badillo Pérez (52), ator que há dez anos interpreta Dom Quixote na montagem do Teatro la Candelaria, do qual faz parte há 30. Quando Badillo recebe o convite para dirigir essa inédita proposta chamada “El Quijote”, com base na obra do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616), aceita de imediato, tal qual o protagonista cavaleiro andante que luta por ideais e não dispensa batalhas.
Idiomas, cores e culturas se entrelaçam para narrar a história do Cavaleiro da Triste Figura, um ser de utopias decidido a combater as injustiças do mundo que segue em desventuras na companhia do camponês Sancho e a venerar sua dama Dulcinéia. “A loucura de Quixote é filosófica, não psicótica”, explica César, que garante dar espaço para que o espectador entenda a apresentação com “lógica poética”.
A montagem do espetáculo envolve cerca de cem pessoas, entre técnicos e atores dos coletivos: La Comedia de Campana (Argentina), Teatro Trono/Compa Bolívia, Pombas Urbanas e Entrou por uma Porta, RJ (Brasil), Colectivo Teatral Antu (Chile), Teatro la Candelaria, Teatro Tespys Corporación Cultural, DC - Arte Corporación, Corporación Cultural Nuestra Gente (Colômbia), Teatro Andante, Quinto Teatro e Teatro de los Elementos (Cuba), Tiempos Nuevos Teatro (El Salvador), Caja Lúdica (Guatemala), Compañía Teatral Carlos Ancira (México) e Vichama Teatro (Peru).
As 12 cenas foram distribuídas desde maio para que os grupos pudessem ensaiar em seus respectivos países. Cada um trouxe elementos e características locais para agregar ao espetáculo, como a Caja Lúdica, do Guatemala, que faz referência ao povo indígena maia-quiché; os chilenos do Colectivo Teatral Antu que recuperam a raiz indígena mapuche e valorizam a participação das mulheres; os peruanos que apresentam elementos da cultura andina; e os bolivianos que atuam em minas de carvão. Do lado de cá, o verde-amarelo quixotesco carrega sotaque nordestino em ritmo de pandeiro.
“O espetáculo está nos atores”, diz Adriano Mauriz (33), ator do Pombas Urbanas, coletivo que este mês completa 20 anos de trajetória. “Mais importante que o espetáculo e toda essa vivência e troca, é o lançamento da Rede Latino Americana de Teatro em Comunidade”, completa ele que, na primeira aparição de Quixote, vem montado em seu cavalo Rocinante, interpretado pelo ator Ricardo Big (31), do Núcleo Teatral Filhos da Dita.
Os encontros com representantes de grupos de teatro dispostos a consolidar a Red acontecem desde 2004. A iniciativa parte do Quinto Teatro de Cuba, fundado por artistas vinculados ao diretor e dramaturgo Rolando Hernández Jaime, Havana, em julho de 2005; da Corporación Cultural Nuestra Gente, Medellín, que desde 1987 concilia criação e projetos socioculturais e dialoga com instituições públicas e privadas para a formação de artistas; e o Pombas Urbanas, coletivo formado em 1989 pelo diretor peruano Lino Rojas (1942-2005), ao dar início a um projeto de formação de atores com jovens da periferia da zona Leste.
“El Quijote” é o ponto de partida cultural que concretiza o lançamento da Red durante o II Congresso de Cultura Iberoamericana, evento que acontece até sábado, no SESC Vila Mariana e traz conferências, debates e encontros para trocas de experiências acerca da “Cultura e Transformação Social”, apoiado pelo Ministério da Cultura do Brasil (MinC) e Colômbia, Serviço Social do Comércio (SESC-SP) e Pombas Urbanas, que produz essa aventura cênica e utópica.
Uma amálgama de ideias a fortalecer o intercâmbio entre povos, já que quase todos os grupos desenvolvem trabalhos comunitários por meio do Teatro. E como um moinho humano, a arte sopra ventos a favor da transformação social e humana em meio ao confronto entre ideal e real e ideal e social, tal qual Quixote.
El Quijote
Autor: Santiago García
Diretor: César Badillo Pérez
Articulação e coordenação do projeto: Jorge Iván Blandón Cardona
Quando:
Dia 2 de outubro, às 20h – apresentação fechada para o público do II Congresso de Cultura Iberoamericana, sob o tema “Cultura e Transformação Social”;
Dia 3 de outubro, às 19h – apresentação para a comunidade de Cidade Tiradentes no Centro Cultural Arte em Construção, que neste dia será transmitida via internet no site: www.elquijote.pombasurbanas.org.br no mesmo horário.
Ingresso: Apresentação gratuita em Cidade Tiradentes, com reserva de convites pelos telefones: 11 2285-7758 e 2282-3801
Patrocínio: Serviço Social do Comércio (SESC-SP), Ministério da Cultura do Brasil e Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB)
Apoio: Centro Cultural da Espanha em São Paulo, Ministério da Cultura de Colombia; Red Colombiana de Teatro en Comunidad
Realização: Instituto Pombas Urbanas, Quinto Teatro e Corporacion Cultural Nuestra Gente
O teatro é uma arte , onde os sonhos se realizam, onde tudo é possível, um momento mágico, que pode mudar a vidas de muitos em pouco tempo, viver teatro é se alimentar de sonhos, parabéns a todos, El Quijote é a realidade que reflete nossos desejos escondidos.
ResponderExcluirAmei, todos os momentos deste Evento, valeu, bjsssssssssssss