quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Pontos de Cultura participam do II Congresso de Cultura Ibero-Americana


Fotos: Gil Grossi
Intervenção dos artistas da Red Latinoamericana de Teatro en Comunidad no bairro Barro Branco, em Cidade Tiradentes, que futuramente abrigará centro cultural de iniciativa entre governos brasileiro e francês

Por Danilo Almeida

Como legítimos protagonistas e exemplos de Cultura e Transformação Social, tema da II Conferência de Cultura Ibero-Americana, diversos Pontos de Cultura estão participando deste evento, juntamente com os representantes de 22 países membros da Secretaria Geral Ibero-Americana (SEGIB), órgão promotor do evento, em parceria com o Ministério da Cultura (MinC) e o SESC-SP.

“A maioria dos países da América do Sul não têm políticas estruturadas para o setor cultural como leis e programas. Nesse aspecto, o programa Cultura Viva implantado pelo Ministério da Cultura do Brasil é um bom exemplo a ser mostrado e discutido”, afirma Afonso Oliveira, do Ponto de Cultura Maracatu Estrela de Ouro, de Pernambuco. Ele conta que o Ponto desenvolve atividades com os mestres da cultura popular para tirá-los do trabalho nos canaviais, além de também promover atividades com os filhos destes como uma estratégia de transformação social: “Trabalhamos para que os Mestres da Cultura Popular não se submetam ao trabalho semi-escravo da cana-de-açúcar. Neste sentido, conseguimos isto com o projeto Usina Cultural Estrela de Ouro, além do trabalho com os filhos dos canavieiros no projeto Ponto de Leitura”.

A representante do Pontão de Cultura Convivência e Paz, Veridiana Negrini ressaltou sua expectativa com relação ao encontro: “Espero que seja um espaço para a formação e o fortalecimento de políticas públicas culturais, com toda a sua capacidade de promover o desenvolvimento econômico e social”. Ela complementou o assunto ao ressaltar que este encontro está sendo “um espaço realmente de muita troca e compartilhamento de saberes, já que se pretendem ressaltar as potencialidades da cultura ibero-americana”.

Veridiana vai ao encontro do que Afonso Oliveira ressaltou sobre a dimensão do programa Cultura Viva e a oportunidade de divulgá-lo e espalhá-lo por outros países da América Latina. “Eventos como este nos permitem divulgar e esclarecer o que nos cabe, em relação a este programa”, afirma.

Transformação Social

Célia Pinheiro, do Programa de Integração pela Música (PIM), diz que o encontro “é simplesmente maravilhoso e significa uma importante troca de experiências, para o fortalecimento da rede”. Ela lembra que do programa, existente desde o ano 2000 e que atendeu a mais de 3000 jovens, saíram cantores de coral, monitores de violino e clarineta, por exemplo.

“Dos jovens atendidos alguns se tornaram profissionais, estão concluindo faculdade de música e outros ingressaram em áreas diferentes, porém ainda utilizando a música como principal ferramenta de transformação de suas realidades”, conta.



Ator do grupo Entrou Por Uma Porta (RJ) interage com o público do bairro

A organização Atitude Jovem, que desenvolve suas atividades na cidade satélite Ceilândia, no Distrito Federal, enviou uma representante para São Paulo. Flávia Nascimento destaca o papel da cultura e dos Pontos na transformação social. “O nosso Ponto de Cultura se faz por um posicionamento político do fazer participativo, do construir políticas publicas e buscar mudanças para uma vida melhor. Não existem peças de teatro, músicas e grafites que não carreguem um conteúdo político da transformação social que queremos”, disse.

Ela conta o que espera como resultado do trabalho desenvolvido pelo Ponto de Cultura: “Temos feito reuniões com público local, formamos o Fórum de Cultura Urbana e acreditamos que estamos construindo um caminho sem volta da participação da comunidade e da transformação social.

Expectativa de quem já trabalha em outros países

O Centro de Teatro do Oprimido (CTO), presente em mais de 50 países, também enviou um representante ao congresso. “Para o Centro de Teatro do Oprimido, estar presente neste evento fortalecerá o vínculo e a troca com estes países, além de potencializar as pontes que o Teatro do Oprimido e outras linguagens artísticas possuem, buscando uma real transformação através das ações culturais concretas”, declara o sociólogo Geraldo Britto.

O CTO já desenvolve atividades, inclusive, em países africanos e Geraldo lembra a importância do encontro para a consolidação das políticas culturais no país. ”O Brasil começa a voltar sua face para a América Latina e África. Quanto mais nos conhecermos mais nos fortaleceremos”, conclui Geraldo.



Atriz peruana participa de intervenção nas ruas do Barro Branco


El Quijote, by Ponto de Cultura Pombas Urbanas

Escrita pelo espanhol Miguel de Cervantes em 1605, a obra Dom Quixote conta a história de um fidalgo que depois de ler histórias de cavalaria medieval resolve fugir de casa em busca de aventuras. Para isso, ele usa uma armadura enferrujada, pega um cavalo e segue em busca de aventuras. Essa obra terá uma adaptação encenada por membros do Ponto de Cultura Pombas Urbanas durante o congresso em São Paulo, às 20h do dia 2 de outubro.

O local será o próprio SESC Pompéia, porém esta apresentação é apenas para os participantes. Mas o grupo fará outra no dia seguinte, aberta ao público, no Centro Cultural Arte em Construção, bairro de Tiradentes, zona leste de São Paulo, às 19h.

A adaptação que já tem dez anos faz um diálogo com a cultura espanhola dos séculos XIV e XV. Do colombiano Santiago Garcia, recebe o nome de El Quijote e será encenada pelos grupos da “Red Latinoamericana de Teatro en Comunidad” que reúne representantes de 10 países em sua montagem. Na verdade, a estréia da peça no Brasil marca o lançamento da organização que se articula desde 2005.

Curiosamente, a primeira vez em que Dom Quixote encenado foi 1607 no Peru. Ao longo da história foram mais de 100 adaptações da obra, teatralizada de diferentes formas nos países latino-americanos.

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http://www.cultura.gov.br/cultura_viva/?p=1007

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